O Poder da Validação


Ela não é somente uma habilidade terapêutica importante, mas uma habilidade social fundamental para todos que desejam viver bem com os outros. Trata-se da validação. Este termo refere-se à ideia de tornar algo válido. Pode ser uma emoção, um comportamento, um pensamento. Por exemplo: digamos que alguém está com raiva. É desagradável ver alguém com raiva. Ninguém se sente confortável diante de uma pessoa que sente esta emoção. A tendência é logo dar um jeito na situação e tentar "acalmar a fera".

No entanto, quanto mais se tenta fazer o outro sentir calma, paradoxalmente você provavelmente irá aumentar a intensidade emocional da pessoa. O mesmo ocorre com a tristeza, o medo e outras emoções. Assim sendo, palavras como “não fica assim”, “você vai dar a volta por cima”, “isso não é nada”, “olha como a vida de fulano é pior”, “você não tem motivos para reclamar” são invalidantes e tendem a deixar as pessoas piores do que estão. Na terapia cognitivo-comportamental (especialmente na tradicional e na TREC), tentamos fazer o paciente enxergar algumas situações de uma maneira alternativa.
A partir do questionamento socrático procura-se fazer com que o indivíduo levante respostas alternativas a um pensamento inicial. Por exemplo: se ao estar diante de uma plateia penso que as pessoas estão cochichando porque estão falando mal de mim. Meu terapeuta pode me questionar até eu chegar à conclusão de que elas podem estar cochichando porque na verdade o que eu estou falando é muito interessante e elas mal conseguiram segurar a ansiedade para comentar a respeito. Ainda posso pensar que os cochichos na verdade são incontinência de verborragia de pessoas tagarelas e que não aguentam esperar o intervalo para colocar a conversa em dia.
De fato isso pode ajudar, mas dependendo da situação, a tentativa de reestruturar pode parecer invalidante para o paciente. As vezes realmente aquele pensamento é algo importante para ele e merece ser respeitado. Faz sentido ele estar tendo aquele pensamento considerando o contexto dentro do qual ele estava inserido e levando em conta a história pessoal dele e a cultura na qual ele está inserido.
As crianças também sofrem com a invalidação dos pais. Frases como “engole o choro”, “se chorar mais vou dar motivo”, “não fica triste”, “vai paro o castigo para deixar de ser nervosinho” dentre outras são formas de dizer às crianças que o que elas sentem está errado e é passível de punição. Com o tempo isso tende a deixa-las confusas em relação a o que estão sentindo e como expressar isso.
Pensando em crianças aptas a desenvolver recursos de regulação emocional saudável a partir da validação dos pais, as terapeutas Karen Hall e Melissa Cook escreveram o livro “The Power of Validation”. Baseado na Terapia Comportamental Dialética, a obra é recheada de dicas para os pais criarem filhos saudáveis emocionalmente a partir do cultivo da validação diária. Alguns exemplos sobre o que não fazer são:
- culpar,
- ignorar,
- falar como se a criança não estivesse presente,
- discutir sentimentos da criança abertamente com outros,
- ignorar as escolhas das crianças,
- estimular a criança a ser melhor do que os pais,
- não deixar a criança falhar,
- empurrar as crianças para situações que elas ainda não estão prontas,
- colocar os desejos da criança no final da lista,
- rir dos sentimentos ou ideias das crianças,
-invalidar comentários
.


Em vez de invalidar, a opção da validação inclui encorajar que a criança fale sobre suas emoções e pensamentos. Tudo bem sentir raiva, tristeza, medo ou qualquer outra emoção. Tudo bem chorar. Tudo bem escolher um brinquedo x e não aquele outro que o pai ou mãe achou mais legal.
As autoras apontam ainda que todos nós temos tendências a julgamentos sobre as pessoas, suas emoções e pensamentos. O que pode ser um problema não são esses julgamentos em si, mas o que fazemos com eles. Para isso é importante qualquer pessoa se conscientizar do que está julgando naquele momento e que isso é um juízo e não a verdade absoluta sobre determinado estado emocional ou personalidade do outro. Por exemplo: uma pessoa pode imediatamente notar o seguinte pensamento “que fricote desnecessário essa criança está fazendo”. Talvez o impulso seja dar uma bronca nela. Mas se ela nota que isso é um julgamento e que não necessariamente o “fricote” é desnecessário e optar por ir até lá investigar o que está ocorrendo, talvez ela acabe se dando conta de que aquele comportamento tem sentido para aquela criança dentro de seu contexto.



Referência:

Hall, K.D.; Cook, M.H. (2012). The Power of Validation: arming your child aginst bullying, peer pressure, addiction, self-harm & out of control emotions. Oakland: New Harbinger.

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