Erros na terapia

Todo terapeuta, iniciante ou experiente, tem alguma história sobre algum erro que já cometeu com algum cliente. Apesar de sermos todos seguidores do código de ética profissional do psicólogo, isso não livra nenhum profissional de cometer algum equívoco. Assim como em toda profissão, os terapeutas também os cometem. Para evitá-los, o livro de Bernard Schwartz e John Flowers pode ser uma boa opção.
Como falhar na relação? Os 50 erros que os terapeutas mais cometem é um livro bastante objetivo que lista os tropeços mais frequentes dos psicoterapeutas. Por mais treinamento que um profissional tenha, ninguém está livre de cometer o que está listado no livro.
As falhas variam de acordo com temas. Algumas podem ser cometidas mesmo antes de se iniciar a psicoterapia, até problemas na avaliação, no relacionamento terapêutico ou ao encerrar a terapia e ainda erros  que o terapeuta pode cometer com ele mesmo.



Quando se inicia um processo terapêutico, o cliente e o terapeuta possuem expectativas. O primeiro muitas vezes almeja a cura, enquanto o segundo quer fazer o melhor trabalho possível e, algumas vezes, pode esperar que irá fazer mais do que realmente pode. Por parte do cliente, uma conversa clara sobre as expectativas em relação à terapia pode ajudar a resolver o problema. O objetivo real da psicoterapia não é curar, mas melhorar a vida do indivíduo consideravelmente e isso não significa necessariamente cura. Do lado do terapeuta, pode ser difícil quando clientes não aderem ao tratamento ou simplesmente não querem mais fazer terapia. Até mesmo quando eles se dão alta antes do tempo previsto pode não ser fácil. No entanto, ter em mente até onde cada um quer ir com sua terapia é uma forma de reduzir a carga sobre si mesmo. Quanto menos expectativas, menos frustrações e menos cobranças desumanas sobre o desempenho próprio. Uma das recomendações dos autores, é que os próprios terapeutas utilizem as técnicas cognitivas em si mesmo: caso ocorra algum problema, isso pode não ser um equívoco do modo como a terapia foi conduzida. O fracasso, muitas vezes, é multifatorial.
Alguns clientes sentem-se mal durante as sessões, pois há uma revirada de emoções durante o processo. Nem sempre as pessoas estão prontas para passar por isso. Ignorar esse ponto e não advertir os pacientes de que isso pode ocorrer pode ser um problema segundo os autores.
Há diversos outros erros no livro que valem a pena ser conferidos desde o início do processo até o final. O texto é único e o conteúdo importantíssimo tanto para terapeutas cognitivo-comportamentais quanto para profissionais de outras abordagens. Afinal, o processo de terapia, independentemente da linha teórica que o baseia, ocorre com todas as suas dificuldades. A forma de se iniciar a terapia, avaliar o cliente, usar a técnica, a relação terapêutica e encerrar o tratamento podem variar, mas os erros podem ser semelhantes em muitos pontos.
Com a leitura deste livro, a prática da psicoterapia torna-se mais prudente. É uma excelente fonte de reflexão que expõe a complexidade desta área de atuação. Deve ser lido e relido. Não lê-lo pode ser o 51º erro.

Referência do livro:

Schwartz, B., & Flowers, J.V. (2009). Como Falhar na Relação? Os 50 erros que os terapeutas mais cometem. São Paulo: Casa do Psicólogo.

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