O parceiro(a) crítico(a)

Talvez seja comum para muitos terapeutas atenderem casos de pessoas com relacionamentos abusivos. Quando usamos este termo "abusivo", ele refere-se a uma série de comportamentos destrutivos direcionados ao nosso paciente. Talvez o nosso paciente seja o abusador. Simples comentários dentro de um determinado contexto, críticas pesadas, ignorar, culpar, ameaçar terminar dentre outros, podem configurar abusos dentro de uma relação. Há um desequilíbrio de poder claro e manipulação para  que uma das partes aja como a outra quer. É comum pessoas que se submetam a um parceiro crítico terem história de abandono, instabilidade nas relações, invalidações constantes dentre outros. Talvez o relacionamento  abusivo seja a única forma de dar sentido à vida. Provavelmente algo no mundo interno diz constantemente para a pessoa abusada que ela é merecedora dos maus tratos e "que se não for aquilo, não vai conseguir mais nada". Lidar com o outro de forma que nós entendamos o bem ou o mal que ele nos faz e conseguir expressar o contentamento ou descontentamento de modo que fique compreensível, é desafiador para um grande número de pessoas.

em seu livro, Michelle Skeen, psicóloga e doutora em psicologia, escreve para o público leigo e especialistas  explicando como funciona o ciclo do criticismo excessivo nos relacionamentos, como identificar a vulnerabilidade ao criticismo e como entender o próprio funcionamento dentro da relação. O enfoque é na Terapia do Esquema (sendo inclusive prefaciado por Jeffrey Young). A autora usa o termo "lifetrap" primeiramente apresentado no livro "Reinventing your life" do próprio Young com Janet Klosko para apresentar não só os esquemas, mas também os estilos de enfrentamento como rendição, evitação e hipercompensação. A obra também é repleta de formulários para o preenchimento do leitor e que o ajuda a identificar alguns padrões de criticismo excessivo nso relacionamentos e o que isso ativa nele mesmo. Como todo manual de autoajuda, este requer cautela em sua utilização, mas pode ser uma ferramenta interessante para terapeutas do esquema que buscam algo escrito em linguagem simples com ferramentas práticas.

Mais para o final do livro, a autora propõe formas do leitor ou leitora notar suas necessidades emocionais e a expressa-las e respeita-las, fazendo um link com a possibilidade de se construir um relacionamento saudável a partir deste processo de conscientização esquemática.



Referência:

Skeen, M. (2011). The Critical Partner: how to end the cucle of criticism & get the love you want. Oakland: New Habinger.

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